terça-feira, 13 de julho de 2010

O que é, o que é?

O que pensamos que é entrega, e esquecemos que é renúncia. O que pensamos que é ganhar, e esquecemos que é merecer. O que pensamos que é eterno, e esquecemos que é diário. O que pensamos que é imenso, e esquecemos que é tão frágil.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Existem poucas coisas no mundo que são tão intragáveis quanto uma despedida. Como é difícil ver quem você ama indo embora; a distância entre seus corpos aumentando, aumentando, aumentando, até que só reste o silêncio.

domingo, 13 de junho de 2010

Para Sempre

Uma história de era uma vez onde não puseram um ponto final, e o foram felizes ficou solto, perdeu-se no eternamente.


É aquilo que diz quem tem medo de admitir a qualidade efêmera de certas coisas. É também o que 'sempre acaba' como dizem os céticos. É a invenção dos contos de fada, o status desejoso do permanente, a certeza eterna de estar completamente feliz. Ou um mero engano.
Existe sim algo para além do fim. Isso quando há um fim - pois certos casos, terminam sem ponto final. O pouco que sobra dessas histórias mal contadas, que permanece como resquício de uma verdade que já passou, e que hoje virou memória. Histórias que nunca terminam de verdade. É isso que chamamos de 'para sempre'.

sábado, 12 de junho de 2010

A vida sendo o que é - uma série de eventos interligados por um motivo ou outro - naturalmente nos distanciamos. O tempo passou, e nós fomos nos segurando em qualquer coisa que podíamos agarrar, até que a força que devíamos fazer para nos lembrar era muito maior do que a força que ainda tínhamos para usar. E então, nos esquecemos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

êta esse sentimento burro, que não pede crédito pré-aprovado, e depois vem e nos assalta.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Encontraram-se e reconheceram-se. Não foi difícil perceber seus opostos e o modo com que se completavam. É claro que também tinham afinidades; afinações, e delas achavam a maior graça.
Ela gostava dos olhos dele, profundos e penetrantes, e do modo com que tamborilava os dedos impacientes, ou quando os mesmos dedos tocavam o baixo, na sua coxa.
Ele gostava dos carinhos, feitos de leve, pra provocar arrepios, e de como ela caia na gargalhada sem o menor pretexto, e não conseguia mais parar de rir. Ele disse nunca pensei encontrar uma mulher como você num lugar como este, ela sorriu lisonjeada. Ela falou que bom encontrar você no meio de tanta gente medíocre, ele sorriu envaidecido.
Era sempre de tarde. O fim de um dia lindo de sol. E aí a gente tinha um pouco de paz.
Quando a gente resolvia conversar, na maioria vezes saía um papo-cabeça. Às vezes era um papo sem-pé-nem-cabeça. De qualquer maneira, falávamos horas a fio. Falavamos sobre tudo. O clima, cinema e os planos para o futuro. O que eu faria para o jantar e como era sem graça a ordem natural das coisas. Divagávamos sobre legislação, literatura, licor de cassis e outras loucuras particulares. Era quentinho, naquela fresta de sol onde nos colocávamos, sentados lado a lado. Ou mesmo quando eu me deitava em seu colo, e ficava com os olhos pregados no além. Ele passava seus dedos entre os cachos de cabelo que caiam sobre meu ombro e eu recobrava a consciência e erguia o rosto, só para vê-lo melhor.
Um dia, essas tardes passaram a acontecer naquele período depois das cinco da tarde. Ainda era de tarde, mas o sol já havia sumido, e o céu não tinha mais aquela cor bonita da meia hora anterior. O assunto ficava meio raro, pois nessa hora do dia, hipnotizada pelo céu azul escuro, eu ficava meio quieta, e ele parecia entediado. Ainda falavamos, entretanto, sobre o clima: estava frio. Ventava de leve e meu cabelo ficava todo embaraçado. Era impossível para ele embrenhar seus dedos naquele emaranhado de nós. Eu era obrigada a vestir um casaco, e não importa o quanto eu me inclinasse, não dava para ver melhor: já estava muito escuro.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Alice in Underground

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eu Alice,

Posso pensar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã.
Um: Se eu não pensar muito neles, os meus problemas vão desaparecer;

Dois: Se eu ficar bem quietinha, posso ficar invisível, até que alguém note a minha falta.

Três: Se eu ignorar as pessoas que me irritam, elas param de me irritar e vão embora.

Quatro: Se eu esperar e for paciente, o que eu tanto quero vai finalmente acontecer.

Cinco: Se eu me encontrar com as meninas pontualmente às sete horas para tomar café, vou ter sempre certeza de que tudo está exatamente onde deveria estar, e tudo ficará bem.

Seis: Se tudo der errado hoje, posso deitar na cama, e fechar os olhos. Posso dormir e acordar amanhã, e pensar em outras seis coisas impossíveis pra fazer.

Chapeleiro Maluco,

- O tempo não fez mais tique nem taque, e eu fiquei aqui parado, esperando você voltar. Você era sempre pequena demais ou grande demais. E você foi embora. Agora você está aqui, e está no tamanho certo. Não pode ir embora agora.

Alice no País das Maravilhas

Qual é a diferença entre um corvo e uma escrivaninha?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Juro que o que eu mais queria é relevar o sentimento e me entregar, não só de corpo, mas de alma também. Queria ser um filtro dos sentimentos bons, ainda que superficiais e dos pensamentos leves, ainda que fúteis.
Queria ter paciência para tentar me entender e desvendar o que se passa dentro de mim. Seria muito mais fácil. Eu não ficaria deitada na cama, semidesnuda, pensando em aleatoriedades idiotas enquanto o outro ao meu lado tenta entender o que é que há de errado comigo. Eu não precisaria me preocupar com o que escrevo e com quem me lê. Só escreveria. Só seria lida. E não precisaria ficar me preocupando com palavras e sons e cheiros e propósitos que parecem ser, e que são outros. Eu queimaria o papel, acabando com a mensagem subliminar. Nada de entrelinhas para mim. A linha que me contorna é a que você vê, e só.
Pode tocar, se quiser. Não vai mudar o sentido. É sempre a mesma. Eu mesma. Mas essa teoria é impraticável e eu fico aqui, sentada no chão feito criança contrariada me perguntando o que é que aconteceu. Entre quatro paredes mudas meu silêncio fica audível, e soltos, os pensamentos se confundem. O que eu quero mesmo é gritar em voz alta. Eu quero você. Só às vezes a putaria vence a gente pelo cansaço, e a carne, você bem sabe, é fraca. Aí eu me entrego só de corpo mesmo, e peço pra alma fechar os olhos.

domingo, 2 de maio de 2010

- Um brinde - ele ergueu sua taça- à sua maioridade, e ao meu alívio!

- Engraçadinho - eu retruquei, fazendo muchocho.

- Agora você já é bem grandinha pra saber o que quer...

- Pra sair, beber, dirigir, abrir conta no banco...

- Assumir responsbilidades em tempo integral...

- Ai, essa parte eu não quero! Prefiro ser inconsequênte, assim - e dizendo isso, inclinei-me para frente, chegando bem perto de seu rosto. Olhos nos olhos, sem piscar. Acho que os lábios se tocaram, mas foi tão de leve que sairam pequenas faíscas, e eu me confundi. Me afastei e dei risada. Só podia.

-Bom - ele continuou, meio atordoado, talvez -  então vou reformular meu brinde: à sua responsabilidade, de segunda a sexta. Cinco dias na semana.

-E a cada fim de semana irresponsável entre eles - eu completei.

Bebemos em poucos e grandes goles, rápido feito quem está com sede, não da bebida, mas um do outro. Depois foi a vez dele, que foi se inclinando para frente bem devagar. Estava calmo como quem sabe o que faz. Estava certo como quem faz o que quer.
Chegou perto. Mais perto. Perto demais.

-Se você chegar um pouquinho mais perto, eu não vou conseguir resistir...

- E por que você haveria de querer resistir a mim? - perguntou em seu tom usual, nada modesto.

- Só por que você resistiu a mim esse tempo todo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

-Eu te amo.

-Não, não ama.

-Amo! Amo sim!

-Não me ama nada...

-É claro que te amo!

-Se amasse mesmo, eu saberia.

-E o que é que eu posso fazer pra te provar?

-Você  pode começar por me chamar pra sair...

- Não chamei por que achei que minha chance era mínima.

-Mesmo mínima, ainda assim é uma chance. Por que você não tenta?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tout Va Bien

Não demorou muito e os assuntos entre nós começaram a se repetir. Daí à ficarmos sem assunto nenhum, foi um pulo. Depois, veio o silêncio, e aí, já nem precisávamos mais conversar.
Eramos como o pão velho em cima da mesa. Além dele, das paredes e do carpete, nós também estávamos mofando, sem pressa, como a chuva que caía ha três dias, e escorria vagarosamente do outro lado da janela.
Era estranho não ter assunto entre duas pessoas que nunca ficavam quietas, que tinham uma vida inteira em comum. Será que o amor tinha acabado? A resposta até existia, mas morava alí, naquele silêncio incômodo e ardido aos meus ouvidos.
E em silêncio ficamos, assim, nos olhando. Olhos nos olhos e o silêncio todo ao redor. Estiquei minhas mãos sobre a mesa da sala de jantar, mas estavamos muito distantes, inclusive de nós mesmos. E simples assim, nós já sabíamos o que viria a seguir.
Mais tarde, na cama, virei-me para o lado e desejei-lhe boa noite. Ele desligou a t.v. e caimos no sono. Eramos um casal com cara de domingo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cinco Motivos pra Detestar Segunda-Feira

Tudo tem um motivo. Aí vão os cinco motivs pra você concordar comigo quando digo que segunda-feira é um dia detestável.

1. Nada acontece na segunda-feira.
Você já viu alguém casar na segunda? Já viu alguma inauguração, palestra, evento, festa, noite de autógrafos ou qualquer coisa interessante numa segunda? Já presenciou algum fato realmente memorável que tenha acontecido neste dia infame? Como eu suspeitava...

2. Tudo acontece na segunda-feira.
Por outro lado, segunda-feira é sempre prazo de entrega de algum trabalho cujo tema só vai lhe ocorrer no domingo anoite. Segunda é o dia em que as secretárias ficam doentes, acaba a luz e seu computador pifa. Segunda de manhã, então, é o ápice das desgraças. É o dia de perder a hora, sair de casa com a camisa do avesso e a cara amassada, chegar no trabalho e ter reunião com o chefe. Ninguém merece.

3. Segunda-feira é dia de ressaca.
Você saiu no sábado e bebe utodas. Passou o domingo dormindo, e acordou só na segunda-feira, na hora de ir trabalhar. Segunda por tanto, é dia de ressaca. Por sí só, isso já é detestável. Mas além de estar de ressaca, você ainda tem que acordar cedo e se dirigir a um local ( escola, escritório, hospital, ) no qual você certamente não gostaria de estar.

4. Nada funciona na segunda-feira.
Pra começar, seu cérebro. Porque convenhamos que o de ninguém funciona no melhor dos estados numa segunda-feira de manhã. Além disso, são vários os estabelecimentos que são essenciais para a existência de um ser humano que permanecem abertos no fim de semana e folgam (in)justamente na segunda. E quando, no caso desta semana, especificamente, você resolve ir ao cabelereiro pra ver se ele dá um jeito nesse seu visual 'ressaca-de-segunda-feira' por que quarta-feira (um dia bem mais decente que segunda) é feriado e você quer sair logo na terça, você descobre inclusive que... o cabelereiro não funciona de segunda. O ó.

E finalmente, o detalhe mais detestável de todos os motivos que fazem da segunda-feira o dia mais inútil da semana:

5. Segunda-feira é muito longe de sexta-feira.
Chegou sexta e você saiu. Sábado idem. Domingo você dormiu o dia inteiro, como já foi dito acima, porque afinal, ninguém é de ferro. Acordou de ressaca na segunda, quando você já estava quase se esquecendo de que tinha chefe, compromissos e contas pra pagar. E por mais que você relute em aceitar, segunda ainda está muito longe de sexta-feira. Não bastasse isso, é tão longe que nem os prospectos do fim de semana você tem. Os convites pra sair só chegam, a via de regra, depois de quarta-feira - no mínimo. Então, você já começa a semana acreditando que o pior vem pela frente. E pesquisas apontam: até o fim da segunda-feira, você tem 98% de chances de acerto.

sábado, 17 de abril de 2010

A Verdade

Acho que eu não saberia dizer o que é, nem se ela andasse por aí com um daqueles esmaltes cor de neon, se esfregando na minha cara.

É o que acontece na maioria das vezes. Não sabemos dizer o que é verdade e o que não é.
Se parássemos um instante para analisar os fatos e fazer duas listas comparativas, de lados distintos de uma folha de papel, perceberíamos que o que é verdade está sim andando por aí, com uma melancia amarrada no pescoço. A verdade é facilmente identificável.
Porém, o que acontece é que ela costuma se misturar com o que gostaríamos que, de fato, ela fosse. Ela chega toda enfeitada numa festa que está lotada, e se perde lá no meio, flertando com outras abstrações. E nunca sabemos se ela quer mesmo pagar pra ver ou se não está muito interessada.
Temos essa mania de achar que a verdade é misteriosa, que se camufla, se disfarça, se fantasia e paquera discretamente os outros convidados. Discreta nada! A verdade é cara-de-pau e fica aí dando mole pra quem quer que passe. Olhou, levou. É que ela é tão direta que as pessoas se constrangem, acham que não é com elas. É sim. Acredite. A verdade é a mais fácil das abstrações: não precisa convencer, não precisa comprar flores, não precisa fazer nada, é só levar pra casa.
Ah, mentira. Precisa, sim, fazer o mais difícil: acreditar nela.

sábado, 10 de abril de 2010

O amor é assim como a sobremesa.

O amor é assim como a sobremesa. A sobremesa é o pecado da gula. Por que na hora da sobremesa, você já não está mais com fome. Já curou aquele mal-estar de quem tem o estômago vazio, e pode comer pelo simples prazer de comer, e não mais pela necessidade. E o amor é assim. É estar com alguém pelo simples prazer que esse alguém te faz sentir, e não pela necessidade desta pessoa. Ninguém ama por necessidade, embora haja a necessidade de amar.
Ok, ninguém vive sem o prato principal, isto é, aquilo que se come para matar a fome. A sobremesa, afinal de contas, não se come, se saboreia. O prato principal não. Ele, a gente come mesmo. Sem pudor, sem fingir que tem etiqueta. A gente come pra matar a vontade, saciar a fome, e momentâneamente preencher por inteiro o vazio que a gente sente por dentro.  A sobremesa vem depois, e mostra todas as deliciosas sensações que a comida pode proporcionar - quando a fome não atrapalha.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vida de Proto-Jornalista

Acordei azul ontem. Eu estava azul e todo o resto estava cinza. Tudo muito chato, triste demais.
Chovia, claro. E eu estava sozinha, como sempre. Era quarta-feira, um dia paricularmente ruim. Por um lado, já é o meio da semana, e o cansaço dos primeiros dias começava a se acumular. Por outro, como ainda é meio da semana, os planos para o fim da mesma ainda não eram muito claros. Passei o dia às voltas com coisas inúteis. Não conseguia me concentrar e estva de mal-humor, devido a falta de glicose no corpo (por causade uma dieta estúpida. quem nunca fez que atire a primeira couve!).
Hora do almoço, e eu estava verde de fome. Comi meu prato de salada e sanduíche natural como quem devora um hambúrguer, e pensei "dieta nunca mais", mas não comi sobremesa. Andei a esmo,afinal, ainda tinha quatro horas até a reunião de pauta. Andei, andei, andei. Nem tanto. Mas tinha acabado de comer.
Cheguei na Paulista e estava roxa. Pensei em tomar um sorvete de chocolate e esquecer aquela besteira de dieta. Pensei em pegar um ônibus pra ir ver quem eu queria e esquecer aquela besteira de jornalismo. Mas não, não. Eu tomei um suco natural de capim e fiquei sentada quietinha no escadão.
Como estava muito quente e eu jéstava ficando alaranjada naquele sol do meio-dia, resolvi entrar na Cásper e ir até o laboatório, que é fresquinho. Lá perdi a tarde na internet, com um sem fim de futilidades. Nada jornalista da minha parte.
Já eram quase cinco horas e eu já estava (cor de mofo, né?) de tanto esperar, me dirigi à sala 1, aonde outros proto-jornalistas deveriam estar me aguardando. Não estavam. Na sala, dois pauteiros/monitores, esperavam que eu entrasse e me sentasse para que pudessemos esclarecer itens da minha pauta. Meu objetivo? Retratar a profissão de prostitutas de uma forma um pouco mais humana. (A ironia é que a revista se chama Esquinas, e é pra lá que eu vou.). Em dez minutos eu sabia que tinha 5000 toques pra fazer isso, e que não deveria entrar em nenhum puteiro. Valeu a dica.
Adivinhem como eu saí de lá?
Vermelha de ódio.

terça-feira, 23 de março de 2010

Certa Pessoa Errada

Tem gente que espera a vida inteira pela pessoa certa.
Quem eu quero, na verdade, é a pessoa errada.

Porque a pessoa certa, o nome já diz, é certa. Está sempre certa, diz as coisas certas, faz as coisas certas, chega na hora certa, vai na hora certa.Só é bom na medida certa. Quero alguem que seja bom além da conta.Quero alguém que esteja errado de vez em quanto, que se confunda e que perca a razão, para que fique sem jeito quando eu o corrigir e dizer que seus erros são uma graça. Alguém que diga algumas besteiras e que dê algumas mancadas, para que no dia seguinte possa me mandar flores se desculpando. Alguém que chegue um pouco atrasado, que fique além do horário. Essa é a pessoa errada.
A pessoa certa é previsível, entediante, politicamente correta, moderada e cuidadosa. Quem eu quero é a pessoa errada, que nem sempre é sensata, mas sempre é intensa. Que faz perder a cabeça, perder a hora, perder o sono.
A pessoa certa, não se engane, não é aquela que te liga todo dia pra dizer que te ama. Todo dia enjoa. A pessoa certa te liga o suficiente, pra dizer o essencial. E a pessoa errada é aquela que às vezes diz que esqueceu-se de ligar, mesmo quando pensou nisso o dia todo. Por que assim é mais gostoso. Pra quando vier me encontrar, a saudade ser mais verdadeira.
A pessoa errada pode nem ser tão errada assim.Ou pode chegar derrepente e virar tudo do avesso, me deixar sem saber o que fazer. Pode deixar algumas dúvidas. Por que a pessoa errada é como as palavras cruzadas do jornal: você nunca tem certeza de que é mesmo a palavra certa.
Mas mesmo assim você arrisca, pra poder olhar na última página e poder dizer: eu sabia que na verdade você era a certa.

quarta-feira, 17 de março de 2010

St. Patrick's Day

O dia do padroeiro da Irlanda. Comemoremos sua vida santificada... bebendo cerveja.

O feriado era, inicialmente, no dia 17 de Março, e foi comemorado pela primeira vez em 1996. No ano seguinte, durou dois dias. Nos anos que se seguiram, eram realizados três dias de festa, e desde 2006, são quatro dias comemorando e bebendo muita cerveja.
Feriado que também poderia ser chamado de "Dia Intrnacional de Beber Guinnes"  pode até ser uma data meio esquecido no Brasil (e por que seria diferente?) mas alguns Irish Pubs tradicionais como o O'Malleys ainda comemoram, servindo inclusive cerveja verde. É, eu sei.
Se bem me recordo, fica claro naquele filme com a Julianne Moore e o Pierce Brosnan , Leis da Atração, que, ao menos na Irlanda, tudo pode acontecer durante o St. Patrick's Day. ;)

St. Patrick's Day - John Mayer #nowplaying

Here, comes the cold.
Break out the winter clothes
And find a love to call your own.

You...enter you.
Your cheeks a shade of pink
And the rest of you in powder blue.

Who knows, what will be?
But I'll make you this guarantee...

No way November will see our goodbyes
When it comes to December it's obvious why
No one wants to be alone at Christmas time

In the dark, on the phone,
You tell me the names of your brothers
And your favorite colors...I'm learning you.

And when, it snows again
We'll take a walk outside
And search the sky, like children do
(I'll say to you..)

No way November will see our goodbyes
When it comes to December it's obvious why.
No one wants to be alone at Chrismas time.

Come January, we're frozen inside.
Making new resolutions a hundred times
February won't you be my valentine?
And we'll both be safe till St. Patrick's day.

We should take a ride tonight around the town
And look around at all the beautiful houses.
Something in the way the blue light's on the black night

Can make you feel more
Everybody it seems to be,
Just wants to be, just like you and me

No one wants to be alone at Christmas time
Come January we're frozen inside
Making new resolutions a hundred times.
February won't you be my valentine?

And if our always is all that we gave
And if we someday take that away
I'll be alright...if it was just till St. Patrick's Day.

domingo, 7 de março de 2010

Amor de TelecineCult

Abri os olhos. Estava sozinha. Era Sábado, mas tinha cara de domingo.
A chuva caía barulhenta demais do lado de fora, e o vento soprava de leve do lado de dentro, entrando pelas pequenas frestras da janela. Me aconcheguei entre as cobertas e travesseiros. Dali não sairia tão cedo.
De fato, só saí mesmo quando a fome tornou-se insuportável. Enrrolada em uma coberta, desci até a cozinha. Uma xícara já me esperva em cima da mesa e o café feito em cima do fogão. Esquentei o leite, coloquei o café na xícara, encontrei um pacotinho de bolachas e me arrastei preguiçosamente em direção ao sofá.
Passava um filme antigo, "Jovem Frankenstein" de Mel Brooks, datado de 1974, e me diverti com aquela sátira de filmes de terror baseada na obra de Mary Shelley. Não fosse este filme velho o suficiente para mim, peguei pela metade o filme "Testemunha de Acusação", de 1957, (baseado em um dos livros de Agatha Christie, levada às telas por Billy Wilder), que passava em outro canal. Fala sério, filme antigo é o que há!
Logo em seguida começava "Psicose" clássico dos clássicos, da década de 60, dirigido por Hitchcock. E, por mais que possa ser odd admitir, isso fez o meu dia.
Enquanto a pipoca estourava - no intervalo entre os dois ultimos filmes -  secretamente eu pensava "ai, como eu amo Telecine Cult".


Psicose (1960) Alfred Hitchcock

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Felicidade Clandestina

Saí da faculdade cedo. Mais cedo do que o cedo de costume. O ônibus demorou muito. Mais do que a demora de costume. Mas tudo bem, essa rotina é novidade e nada é costume ainda.
Pulamos do ônibus no cruzamento da Fradique com a Teodoro Sampaio, eu e Lia, somente há alguns passos do apartamento. Alguns passos esses que incluiam uma padaria, algumas lojas e um sebo. Depois do almoço e de afazeres domésticos, tais quais supervisionar a montagem da cama da Lia, decidimos voltar ao sebo. E foi assim, num sebo antigo, entre livros velhos amontoados pelos cantos, ouvindo músicas mais velhas ainda e discutindo um pouco de filosofia, que Lia e eu passamos uma tarde deliciosa na cidade, achando tudo aquilo o máximo.
Enquanto olhávamos embasbacadas para o céu cinzento de São Paulo, percebemos o quanto estávamos felizes por simplesmente estar ali. Uma na companhia da outra. Por conta própria. Com anos pela frente e a cidade inteira sob os pés.Sentadas na padaria da esquina, comendo um pão com manteiga na chapa e tomando café-com-leite em copo de vidro. Esse, hoje, é o gosto da independência. Demos risadas e fizemos planos para o futuro. Nosso futuro, que está apenas começando.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Morte ao Tamanho Único.

Tenho certeza de que já acontece com você também. Viu aquela blusa maravilhosa na vitrine, se apaixonou, e quando entrou na loja procurando o seu tamanho, ouviu de alguma vendedora magérrima - com cara de quem comeu, não gostou e vomitou - que aliás usa uma blusa igualzinhaa que você quer; "Essa aqui, só tamanho único".
Por que é, afinal de contas, que alguém invnta um tamanho que seja único? As chances de alguém ficar bem nele caem significantemente. A não ser é claro que você seja o manequim da vitrine. Ou a vendedora mal-humorada. Neste caso, a blusa cairá perfeitamente bem, e você será o centro das atenções. Mas não é o seu caso. Em você, essas blusas estarão sempre muito compridas, ou curtas demais, apertando aqui e sobrando ali.
Tentam fazer com que todos tenham a mesma aparência, sendo P, M, G ou GG. Vem cá, posso contar um segredo? Não vai acontecer. Somos diferentes é isso é fato. Não adianta nem mesmo tentar vestir todos nós em sacos de batatas. Eles certamente cairão melhor em uns do que em outros.
Então porque não desistir logo dessa história de único, e viver o múltiplo?! Viva a diversidade saudável! Viva o PP, o P, o M, G, GG, GGG...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Scusa Ma Ti Chiamo Amore

O livro, lançado na Itália e Estados Unidos, só chegou no Brasil depois do filme. É a típica comédia romântica. Conta a história de Nikki, uma adolescente de 17 anos, e Alex, de 37 anos, com quem ela se envolve. Partindo de uma idéia boa, porém previsível deste tipo de literatura, o autor encaixa na trama tantos, mas tantos clichês, que não se precisa terminar o capítulo para saber o que acontece.
Sabe o tipo de coisa que você lê e pensa "até parece!" ? É exatamente isto. Nem em romance este tipo de coisa acontece.
Fora isso, é leitura boa pra quem esgotou o estoque de leituras leves, bem humoradas, e água com açucar. Trás referências da cultura Italiana e Americana, mas sempre com N. T. s para explicar - as vezes o óbvio.
Devo dizer, aproveitando o assunto, que a tradução é, verdadeiramente, lamentável. Até eu, que não falo muito italiano poderia ter feito uma tradução melhor. Ao ler o livro em português, é comum franzir a sobrancelha e se perguntar, com todo o respeito, se o tradutor era português, e não brasileiro - mas pelo nome, acredito que seja, vejam só, Italiano!
Eu sou daquele tipo de romântica incorrigível, que acredita que num romançe que se preze, as frases têm que ser pura poesia em forma de prosa. Lindo e gostoso de ler. Já o livro é mais o tipo "garoto de 5 anos dita a tradução" ininteligível. (Ok, talvez eu esteja exagerando um pouco, mas só um pouco.)
E para não culpar inteiramente o pobre do tradutor, andei trocando idéias com uma amiga italiana, Paola Corradini, que é leitora de romances do gênero, e até ela concorda: "Questo libro è uno schifo!".



Autor: Federico Moccia

Tradutor: Gian Bruno Grosso

Editora: Planeta do Brasil

Ano de Lançamento: 2009

Número de Páginas: 424

sábado, 23 de janeiro de 2010

Perda de Tempo

Ultimamente tem sido difícil encontrar um dia de sol. Costuma amanhecer cinzento, a chuva cai no fim da tarde, seguida por uma noite fria. Chove também de madrugada e eu me encolho sozinha na cama, me esquivando a cada novo trovão.
Então, dizer que eu observava a chuva cair através da janela do carro, não seria novidade. Também não seria novidade dizer que eu estava presa no trânsito por conta de algum alagamento nas ruas da cidade. Novidade seria dizer que consegui chegar no horário no apartamento que ira visitar, nos arredores do Morumbi. Não consegui.
Impaciente dentro do carro, olhava para os lados, procurando alguma coisa. Encontrei. Num muro de concreto, um desenho de um homenzinho colorido que dizia "Você é escravo do trânsito". E isso, deus sabe, me irritou profundamente. Que é? Já não basta cair o mundo e ficar entalada entre um Fusca e um Uno, ainda vem o colega do muro tirar sarro da minha cara? Aí é demais! Talvez eu estivesse de TPM. Mas de qualquer maneira, aposto que você se sentiria ultrajado também.
Tentei me distrair e parar de pensar no homenzinho. Começei a contar há quantas horas estava presa naquele caos. Várias. Muitas horas. Puxa, o homenzinho tem razão. Eu estou realmente disperdiçando algo valioso aqui: meu tempo! Er, a bem da verdade, eu não tinha muita escolha. Mas passei então a pensar em quê outras coisas gastamos nosso tempo, de quê outras coisas nos tornamos escravos?
Gastamos tempo fazendo tarefas ingratas, das quais não gostamos, gastamos tempos em intermináveis filas no banco, procurando vaga no estacionamento, esperando pelo levador, aguardando na linha, reclamando com operadores de telemarketing, discutindo com o chefe, conversando com pessoas de quem não gostamos...
Nos tornamos escravos da rotina, da tecnologia, do computador, dos papéis sociais, das obrigações e das responsabilidades, escravos do trabalho, do dinheiro, do Homem...
Sei lá, talvez seja a hora de abaixar o vidro do carro e bater um papo com o motorista vizinho, de sair cantando na chuva, de tirar o telefone do gancho, desligar o computador, acordar mais tarde, e de fazer um melhor uso deste tempo que temos, que está, continuamente, em contagem regressiva.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aquela Mulher

"Eu não me queixo", é o que diz uma mulher, sozinha no palco à meia luz, envolvida num roupão. A personagem, H., vivida por Marília Gabriela, está literalmente trancada num quarto enquanto espera uma resposta que mudará sua vida: o anúncio da vitória em uma eleição que a colocará no posto de governante mais poderosa do planeta. À partir daí, compartilhará algumas impressões sobre sua vida pessoal, , a traição do marido, o machismo na política, o envelhecimento e a morte.
Déjà vu? A personagem é inspirada em Hilary Clinton, e qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência. O texto, de José Eduardo Agualusa, faz referência a est e outras figuras da atualidade, mas sem citar nomes, o que torna o texto atemporal. A derrota de Hilary para a candidatura à Casa Branca por Barack Obama também promove um olhar diferente ao texto. "O fato de a realidade ter traído a ficção só contribuiu para ajudar esta. Como Hillary Clinton não é mais candidata, a peça ganha outro plano, simbólico. Hillary já não é Hillary, mas todas essas mulheres que lutam pelo poder", diz Agualusa.
O texto, que elaborou à pedido de Gabi, mescla passagens biogréficas da senadora - como o affair de seu marido Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky, - com frases que recolheu de conversas com Marília Gabriela -"Nãosou fiscal de genitália", dita pela jornalista ao ser questionada sobre a nova namorada de seu ex-marido, Reynaldo Gianecchinni.
O texto segue com fluidez, e não cansa, apesar de ser um monólogo. Cômico e cáustico, trata de temas como amor, traição e morte, sem cair em lugar-comuns, sem forçar as risadas, e sem cair num sntimentalísmoclicê de assuntos que já foram encenados inumeras vezes.
Porém, após cerca de uma hora da brilhante atuação, Marília - dirigida pelo amigo de longa data, Antônio Fagundes - entra em cena vestida de anjo negro e divaga sobre o feminino de maneira mais ousada e quebra um pouco o ritmo do espetáculo. Os últimos quinze minutos de peça foram desnecessários e fazem muita gente sai do teatro com cara de interrogação.



Curiosidades

- Marília Gabriela já foi convidada a ingressar na política, mas recusou.

- Esta é a quarta atuação de Gabi no teatro. Seu último papel nos palcos foi em "Senhora Macbeth".

- Esta é também a estréia de Antônio Fagundes como diretor, após 42 anos à frente dos palcos.





Ficha técnica

:: Autor: José Eduardo Agualusa

:: Diretor: Antonio Fagundes

:: Elenco: Marília Gabriela

:: Cenário e figurino: Theodoro Cochrane

:: Trilha sonora: André Abujamra

:: Iluminação: Marcio Aurélio

:: Assistente de direção e preparação corporal: Clarisse Abujamra

:: Direção de produção: Fernanda Signorini

:: Realização: Marília Gabriela e Fernanda Signorini

domingo, 3 de janeiro de 2010

Tudo Novo Denovo

Ano Novo é época de promessas, superstições e simpatias. Não há quem não as faça - nem que seja um comentário, no escuro, antes de dormir. "Amanhã eu começo a dieta". Tem quem faça a longa lista de resoluções. "Vou manter minha vida em ordem". Tem quem promete a Deus, em suas orações. "Não vou mais cobiçar o marido da vizinha". Tem quem diz a família. "Este ano eu prometo, vou parar de fumar". E acredite, as modalidades de promessas são infindáveis.
Passar a virada de branco, guardar os caroços de romã, pular sete ondinhas, usar calcinha vermelha para o amor, amarela para o dinheiro e verde para boa sorte. Comer lentilhas, não comer animal que cisca para trás, tomar chá de erva-de-são-joão, dar um beijo à meia-noite.
Comer doze uvas, trocar os lençóis, abrir as portas e janelas, acender as luzes. Fazer bastante barulho, dar três pulinhos com uma taça de champanhe na mão e não derramar uma gota. Coma nozes, avelãs, castanhas, tâmaras e carne de porco...
Já imaginou se fosse assim? Tipo password de videogame? Como mágica, todos ficariamos ricos, saudáveis e casados. E a graça da vida entra aonde mesmo? Pois é...
Se você fizer tudo isso e de nada adiantar, não me admiro, e sugiro tentar o duplo twist carpado. De qualquer maneira, deve ser mais fácil. E dar menos indigestão. Se não acreditar em mim, continue tentando no próximo ano, em algum deles você acerta.