sábado, 17 de abril de 2010

A Verdade

Acho que eu não saberia dizer o que é, nem se ela andasse por aí com um daqueles esmaltes cor de neon, se esfregando na minha cara.

É o que acontece na maioria das vezes. Não sabemos dizer o que é verdade e o que não é.
Se parássemos um instante para analisar os fatos e fazer duas listas comparativas, de lados distintos de uma folha de papel, perceberíamos que o que é verdade está sim andando por aí, com uma melancia amarrada no pescoço. A verdade é facilmente identificável.
Porém, o que acontece é que ela costuma se misturar com o que gostaríamos que, de fato, ela fosse. Ela chega toda enfeitada numa festa que está lotada, e se perde lá no meio, flertando com outras abstrações. E nunca sabemos se ela quer mesmo pagar pra ver ou se não está muito interessada.
Temos essa mania de achar que a verdade é misteriosa, que se camufla, se disfarça, se fantasia e paquera discretamente os outros convidados. Discreta nada! A verdade é cara-de-pau e fica aí dando mole pra quem quer que passe. Olhou, levou. É que ela é tão direta que as pessoas se constrangem, acham que não é com elas. É sim. Acredite. A verdade é a mais fácil das abstrações: não precisa convencer, não precisa comprar flores, não precisa fazer nada, é só levar pra casa.
Ah, mentira. Precisa, sim, fazer o mais difícil: acreditar nela.

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