quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sociologia

As aulas de sociologia sempre me instigam a escrever. Plantam sementinhas de dúvidas e incertezas dentro de mim. Fazem-me pensar. Hoje o tema foi “Relação Social”.
A Relação Social é dividida em dois patamares. Pode ser uma relação social primária, entre duas pessoas, ou secundária, entre dois papéis sociais. Leia-se, uma relação “A amiga que sempre ajuda – A amiga que sempre se mete em encrenca” ou uma relação “Menininha Feliz-Vendedor de Flores”. Por que deve ser um ou outro? Não pode ser um e outro? Por que a menininha feliz – caso um dia esteja triste – não pode ir até a banca de flores conversar com o vendedor?
Uma relação primária traz consigo o afeto e a intimidade; são nossa família, nossos amigos. Uma relação secundária é o cobrador do ônibus, é o gerente do banco, a mulher da limpeza. Seus nomes? Não têm nomes. São ações, papéis, empregos.
Por que se julga que quando uma relação secundária transforma-se em primária, as coisas fogem do controle? Aposto que o vendedor de flores teria bons conselhos para dar à menininha, sem que isso afetasse em nada a floricultura. Pelo contrário. Acompanhem o raciocínio: Se a menina que estava triste por causa de um coração partido ouve os conselhos do vendedor – que à essa altura já devia ter um nome – ela volta a ficar feliz e segura de si. Segura de si, ela fica mais bonita. Mais bonita, arranja namorado. O namorado compra flores e o vendedor sai até lucrando na história!

Mas nããããão as regras sociais parecem muito boas, já que estão aí faz um tempão e ninguém se importa. Não acho que vá fugir do controle. Afinal, se algumas pessoas fossem menos profissionais, receberíamos mais “Bom-Dia”, mas sorrisos. Conseqüentemente nossos dias seriam mais alegres, nossa alegria contagiaria os outros, e o mundo pareceria um comercial de coca-cola. Nada mal humn?!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Capítulo Cinco - Batatas Podres

(A saga sobre comida está de volta!)

Era mais um domingo a noite qualquer, daqueles em que o completo ócio toma conta de mim. Inesperadamente, inédita no Discovery Travel, Ruth Reichl. Há tempos que não pensava nela... Seu último livro emprestei a uma amiga. O outro, creio eu, foi soterrado por livros e poeira em alguma prateleira de minha estante. Com o término de minha saga sobre este tema e o fim do estoque de idéias e mantimentos na despensa, parei de filosofar sobre comida.
Até, claro, que ela volta, estrategicamente falando-me sobre batatas podres.

A Receita:

1. Pique batatas. ( a quantidade que julgar necessário)

2. Misture uma colher de sal, duas de açúcar e meia xícara de fubá.

3. Acrescente água quente e deixe descansar, dentro do forno desligado por cerca de três horas.

4. Retire as batatas e reserve o líquido. (Não se assuste com o cheiro, que beira o insuportável)

5. Acrescente quatro xícaras de farinha, misture bem, cubra e deixe fermentar.

Quando a mistura estiver pronta (leia-se: podre), adicione outros ingredientes necessários para fazer pão caseiro. O resultado, evidentemente, é delicioso. Nenhum gosto é tão clássico ou reconfortante quanto ao do pão de batatas podres. E nenhum outro pão tem aparência tão bela.
Quando o programa acabou, me peguei pensando sobre essa questão um tanto... Filosófica. É difícil conseguir ver em algo podre, a possibilidade de algo bom, belo e verdadeiro. Assim como nas pessoas, é difícil encontrar valores clássicos, que em muito diferem dos valores vigentes hoje em dia.
Outra possibilidade: É justamente a parte podre que trás o sabor tão especial. São nossas falhas que nos fazem interessantes, nossos pecados que nos fazem saborosos.
No fim das contas, se tivermos jeitinho e paciência, é incrível o que podemos criar com qualquer espécie de comida. Deste modo, se investirmos tempo e cuidado em alguém, é também inacreditável o relacionamento que se pode construir. Por que um relacionamento é assim mesmo, como uma receita. Vai-se adicionando pouco a pouco cada ingrediente, nas quantidades necessárias. Às vezes é necessário deixar descansar por certo tempo. Devemos ter cuidado e atenção para não cortar as mãos, para não queimar os dedos. Mas apesar de levar tempo para ficar pronto, o resultado é sempre delicioso.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados

Há quem diga que é só mais uma daquelas datas comerciais, criadas só pra fazer dinheiro - e para fazer com que nós, os singles, nos sintamos mal-amados, é claro. Bom, eu concordo plenamente. Pra quem namora, o dia dos namorados é todo dia, não é mesmo?
Bom, pra mim, há alguns anos que essa data passa completamente batida no calendário. Eu ignoro. Vou ao cinema e finjo que não vejo quando o filme acaba, todos os casais que sempre ficam um pouquinho a mais dentro da sala. Vou jantar fora e vejo que sou a única que não pede mesa pra dois e não divide a sobremesa - por que se for pra quebrar a dieta, eu quebro direito né?!.
Apesar dos pesares, de querer sair por aí queimando os cartõezinhos de dia dos namorados, de fazer passeata contra essa banalização e comercialização do amor alheio, eu fico bem quietinha no meu canto. Por que no fundo, bem no fundo, eu - e todas aquelas pessoas com mensagens engraçadinhas sobre os solteiros no subnick do msn e afins - sentamos no sofá ao final do dia, recostamos a cabeça na almofada, secretamente desejando que fosse o ombro de alguém.
Eu e todas estas aí pensamos como seria legal ter alguem pra passar essa data ridícula que é o dia dos namorados...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

No Parapeito da Janela

Fazia um dia feio e triste lá fora. Uma folha de papel saiu voando pela janela e caiu no chão. Gotas pesadas de chuva borravam tudo o que um dia tinha sido escrito. Pareciam lágrimas. Mas quem via de longe, só via uma folha de papel molhada.
Bateu o sinal. As crianças saíram correndo, e quando a manada finalmente passou, a folha nada mais era do que alguns pedaços de papel sujo, onde nada mais se podia ler.
Mas alguém observava. Alguém sabia o que ali havia sido escrito, um dia.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Provocação

É um acendimento de qualquer coisa dentro do peito.
Uma cutucada no desejo. A vontade de um beijo.
Uma captação de qualquer coisa imperceptível,
Como uma faísca, entre duas pessoas.
É um desafio. É como abrir os olhos.
Abrir as mãos, abrir os braços, abrir as pernas.
É olhar, e não poder tocar. Tocar e não poder sentir.
É ter por perto, e querer mais perto, do lado de dentro.