sexta-feira, 29 de maio de 2009

Fragmento

Abri os olhos. Meu corpo todo estava em êxtase. Era como se um milhão de estrelinhas me pinicassem, me fizessem levitar. Senti-me tomada por uma felicidade que veio subindo por dentro e tomou conta de mim. Virei-me na cama e toquei seu corpo quente, adormecido. Tentei lembrar-me de qualquer coisa acontecida na noite passada. Nada. Olhei em volta. O quarto era razoavelmente grande. Havia uma cama enorme, desfeita, evidentemente. O cinzeiro estava cheio, os cigarros transbordavam e as cinzas caiam na cama. Eu olhava para a garrafa quase vazia de whisky, e para o par de copos ao meu lado.
Levantei-me devagar e cobri meu corpo com a primeira coisa que consegui alcançar: uma camiseta surrada dos Rolling Stones. Fui ao banheiro e quase não acreditei no que via diante do espelho. Meu cabelo era um coque frouxo acima da cabeça. Meus olhos, duas manchas escuras, e todo o resto estava um caos. Apesar disso, o conjunto da obra até que fazia sentido. Congruente com o ambiente, e com a minha ressaca. Haviam pequenas marcas, aqui e ali, do que foi, ao que parece, uma noite longa, muito longa, e mal dormida.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Arte que Imita a Vida

Tema atualíssimo no Brasil e no mundo, os Reality Shows viraram uma espécie de febre que atinge todas as camadas sociais e as mais diversas faixas etárias. Apoiados na vida real, a proposta dos mais diversos programas que se encaixam nessa categoria é mostrar ao telespectador situações e problemas reais, bem como a reação das pessoas expostas a essas complicações.
Como exemplos, temos uma infinidade de programas nas mais diversas partes do mundo: Britain’s Got Talent, Hell’s Kitchen, American Idol... Podemos observar em todos eles algo em comum – pessoas competindo para atingir um objetivo – seja tornar-se uma celebridade reconhecida por seu talento musical, abrir o próprio restaurante, conseguir um emprego em uma grande firma, e assim por diante.
No Brasil também temos uma programação que, apesar de não ser infinita, atinge incríveis números de audiência. Nosso exemplo disto é o BBB. A família toda reunida para assistir o dia a dia de ilustres desconhecidos que, se você encontrasse na rua não saberia distinguir. É a “celebrização” do trivial, do inculto, do inútil. E mesmo assim, o programa já chegou a sua nona temporada.
Talvez a crítica que eu esteja tentando exprimir não esteja propriamente nos participantes do programa. Estes, pobres coitados, muitas vezes sonham com a fama a qualquer custo, tem de encarnar estereótipos sociais que nem sempre se encaixam em sua verdadeira personalidade, e tudo por uma oportunidade, mesmo que breve, de uma reviravolta no futuro.
A grande diferença está sim, no telespectador. O sucesso do programa está justamente no alto índice de audiência, na incrível quantidade de desocupados que se prostram na frente da televisão para assistir coisas que sequer merecem ser televisionadas e não fazem jus a sua audiência. Então, minha sugestão é a seguinte: mude de canal. Ou, melhor ainda, vá ler um livro.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

He's just NOT that into YOU.

Desde pequenas nós, mulheres, somos condicionadas a um pensamento diga-se de passagem, muito pouco racional. Vem aquele pentelho do seu coleguinha de sala e puxa a sua trança. Uma, duas, três vezes. Ele diz que te odeia, que você é feia e burra, e você acredita. Chega chorando em casa, e sua mãe, na melhor das intenções diz, como se estivesse te revelando uma sabedoria milenar: "Ele faz isso por que ele gosta de você!" O que na nossa cabeça de 8 anos faz todo o sentido do mundo. Está explicado! E é aí que começa o problema. Somos então, condicionadas a gostar que quem nem nos dá bola. De um moleque pentelho que realmente odeia você, acha as suas trancinhas a coisa mais ridícula do mundo, e riu de você quando você esqueceu a fala do poema na frente da sala toda.
E este "ensinamento" é uma coisa que (infelizmente) levamos para o resto da vida. Veja só:Você conhece um cara. Ele é bonitinho, super legal com você, interessante de verdade, não é infantil como todos aqueles outros idiotas com quem você se relacionou e já teve um outro relacionamento (leia-se: não tem fobia de compromisso). Você realmente gosta deste cara, mas não consegue saber se ele está ou não afim. (é aí que a sabedoria milenar entra em ação) Você inventa desculpas para a indecisão do cara: decide que ele está confuso, que tem traumas do ultimo relacionamento, que ele tem vergonha de ser romântico, que tem dificuldade em mostrar seus sentimentos, e por aí vai...

E de rodar em cima deste assunto, eu fico exausta. E o que cansa é na verdade, esse relacionamento cheio de joguinhos. Por que dizemos não quando a intenção na verdade é dizer sim? Por que "dar uma de difícil" ? E mesmo que toda nossa índole seja contra este tipo de comportamento exaustivo e sem sentido, acabamos por nos render a estes jogos imbecis, com medo de quebrar a cara. E frente a tudo isso, existe uma reação bem mais simples: sinceridade.
Mas se apesar de todos os jogos, das diretas e indiretas, nada acontecer, caia na real, ele simplesmente não está tão afim de você.