terça-feira, 11 de maio de 2010

Alice in Underground

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eu Alice,

Posso pensar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã.
Um: Se eu não pensar muito neles, os meus problemas vão desaparecer;

Dois: Se eu ficar bem quietinha, posso ficar invisível, até que alguém note a minha falta.

Três: Se eu ignorar as pessoas que me irritam, elas param de me irritar e vão embora.

Quatro: Se eu esperar e for paciente, o que eu tanto quero vai finalmente acontecer.

Cinco: Se eu me encontrar com as meninas pontualmente às sete horas para tomar café, vou ter sempre certeza de que tudo está exatamente onde deveria estar, e tudo ficará bem.

Seis: Se tudo der errado hoje, posso deitar na cama, e fechar os olhos. Posso dormir e acordar amanhã, e pensar em outras seis coisas impossíveis pra fazer.

Chapeleiro Maluco,

- O tempo não fez mais tique nem taque, e eu fiquei aqui parado, esperando você voltar. Você era sempre pequena demais ou grande demais. E você foi embora. Agora você está aqui, e está no tamanho certo. Não pode ir embora agora.

Alice no País das Maravilhas

Qual é a diferença entre um corvo e uma escrivaninha?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Juro que o que eu mais queria é relevar o sentimento e me entregar, não só de corpo, mas de alma também. Queria ser um filtro dos sentimentos bons, ainda que superficiais e dos pensamentos leves, ainda que fúteis.
Queria ter paciência para tentar me entender e desvendar o que se passa dentro de mim. Seria muito mais fácil. Eu não ficaria deitada na cama, semidesnuda, pensando em aleatoriedades idiotas enquanto o outro ao meu lado tenta entender o que é que há de errado comigo. Eu não precisaria me preocupar com o que escrevo e com quem me lê. Só escreveria. Só seria lida. E não precisaria ficar me preocupando com palavras e sons e cheiros e propósitos que parecem ser, e que são outros. Eu queimaria o papel, acabando com a mensagem subliminar. Nada de entrelinhas para mim. A linha que me contorna é a que você vê, e só.
Pode tocar, se quiser. Não vai mudar o sentido. É sempre a mesma. Eu mesma. Mas essa teoria é impraticável e eu fico aqui, sentada no chão feito criança contrariada me perguntando o que é que aconteceu. Entre quatro paredes mudas meu silêncio fica audível, e soltos, os pensamentos se confundem. O que eu quero mesmo é gritar em voz alta. Eu quero você. Só às vezes a putaria vence a gente pelo cansaço, e a carne, você bem sabe, é fraca. Aí eu me entrego só de corpo mesmo, e peço pra alma fechar os olhos.

domingo, 2 de maio de 2010

- Um brinde - ele ergueu sua taça- à sua maioridade, e ao meu alívio!

- Engraçadinho - eu retruquei, fazendo muchocho.

- Agora você já é bem grandinha pra saber o que quer...

- Pra sair, beber, dirigir, abrir conta no banco...

- Assumir responsbilidades em tempo integral...

- Ai, essa parte eu não quero! Prefiro ser inconsequênte, assim - e dizendo isso, inclinei-me para frente, chegando bem perto de seu rosto. Olhos nos olhos, sem piscar. Acho que os lábios se tocaram, mas foi tão de leve que sairam pequenas faíscas, e eu me confundi. Me afastei e dei risada. Só podia.

-Bom - ele continuou, meio atordoado, talvez -  então vou reformular meu brinde: à sua responsabilidade, de segunda a sexta. Cinco dias na semana.

-E a cada fim de semana irresponsável entre eles - eu completei.

Bebemos em poucos e grandes goles, rápido feito quem está com sede, não da bebida, mas um do outro. Depois foi a vez dele, que foi se inclinando para frente bem devagar. Estava calmo como quem sabe o que faz. Estava certo como quem faz o que quer.
Chegou perto. Mais perto. Perto demais.

-Se você chegar um pouquinho mais perto, eu não vou conseguir resistir...

- E por que você haveria de querer resistir a mim? - perguntou em seu tom usual, nada modesto.

- Só por que você resistiu a mim esse tempo todo.