sexta-feira, 18 de junho de 2010

Existem poucas coisas no mundo que são tão intragáveis quanto uma despedida. Como é difícil ver quem você ama indo embora; a distância entre seus corpos aumentando, aumentando, aumentando, até que só reste o silêncio.

domingo, 13 de junho de 2010

Para Sempre

Uma história de era uma vez onde não puseram um ponto final, e o foram felizes ficou solto, perdeu-se no eternamente.


É aquilo que diz quem tem medo de admitir a qualidade efêmera de certas coisas. É também o que 'sempre acaba' como dizem os céticos. É a invenção dos contos de fada, o status desejoso do permanente, a certeza eterna de estar completamente feliz. Ou um mero engano.
Existe sim algo para além do fim. Isso quando há um fim - pois certos casos, terminam sem ponto final. O pouco que sobra dessas histórias mal contadas, que permanece como resquício de uma verdade que já passou, e que hoje virou memória. Histórias que nunca terminam de verdade. É isso que chamamos de 'para sempre'.

sábado, 12 de junho de 2010

A vida sendo o que é - uma série de eventos interligados por um motivo ou outro - naturalmente nos distanciamos. O tempo passou, e nós fomos nos segurando em qualquer coisa que podíamos agarrar, até que a força que devíamos fazer para nos lembrar era muito maior do que a força que ainda tínhamos para usar. E então, nos esquecemos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

êta esse sentimento burro, que não pede crédito pré-aprovado, e depois vem e nos assalta.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Encontraram-se e reconheceram-se. Não foi difícil perceber seus opostos e o modo com que se completavam. É claro que também tinham afinidades; afinações, e delas achavam a maior graça.
Ela gostava dos olhos dele, profundos e penetrantes, e do modo com que tamborilava os dedos impacientes, ou quando os mesmos dedos tocavam o baixo, na sua coxa.
Ele gostava dos carinhos, feitos de leve, pra provocar arrepios, e de como ela caia na gargalhada sem o menor pretexto, e não conseguia mais parar de rir. Ele disse nunca pensei encontrar uma mulher como você num lugar como este, ela sorriu lisonjeada. Ela falou que bom encontrar você no meio de tanta gente medíocre, ele sorriu envaidecido.
Era sempre de tarde. O fim de um dia lindo de sol. E aí a gente tinha um pouco de paz.
Quando a gente resolvia conversar, na maioria vezes saía um papo-cabeça. Às vezes era um papo sem-pé-nem-cabeça. De qualquer maneira, falávamos horas a fio. Falavamos sobre tudo. O clima, cinema e os planos para o futuro. O que eu faria para o jantar e como era sem graça a ordem natural das coisas. Divagávamos sobre legislação, literatura, licor de cassis e outras loucuras particulares. Era quentinho, naquela fresta de sol onde nos colocávamos, sentados lado a lado. Ou mesmo quando eu me deitava em seu colo, e ficava com os olhos pregados no além. Ele passava seus dedos entre os cachos de cabelo que caiam sobre meu ombro e eu recobrava a consciência e erguia o rosto, só para vê-lo melhor.
Um dia, essas tardes passaram a acontecer naquele período depois das cinco da tarde. Ainda era de tarde, mas o sol já havia sumido, e o céu não tinha mais aquela cor bonita da meia hora anterior. O assunto ficava meio raro, pois nessa hora do dia, hipnotizada pelo céu azul escuro, eu ficava meio quieta, e ele parecia entediado. Ainda falavamos, entretanto, sobre o clima: estava frio. Ventava de leve e meu cabelo ficava todo embaraçado. Era impossível para ele embrenhar seus dedos naquele emaranhado de nós. Eu era obrigada a vestir um casaco, e não importa o quanto eu me inclinasse, não dava para ver melhor: já estava muito escuro.