quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Scusa Ma Ti Chiamo Amore

O livro, lançado na Itália e Estados Unidos, só chegou no Brasil depois do filme. É a típica comédia romântica. Conta a história de Nikki, uma adolescente de 17 anos, e Alex, de 37 anos, com quem ela se envolve. Partindo de uma idéia boa, porém previsível deste tipo de literatura, o autor encaixa na trama tantos, mas tantos clichês, que não se precisa terminar o capítulo para saber o que acontece.
Sabe o tipo de coisa que você lê e pensa "até parece!" ? É exatamente isto. Nem em romance este tipo de coisa acontece.
Fora isso, é leitura boa pra quem esgotou o estoque de leituras leves, bem humoradas, e água com açucar. Trás referências da cultura Italiana e Americana, mas sempre com N. T. s para explicar - as vezes o óbvio.
Devo dizer, aproveitando o assunto, que a tradução é, verdadeiramente, lamentável. Até eu, que não falo muito italiano poderia ter feito uma tradução melhor. Ao ler o livro em português, é comum franzir a sobrancelha e se perguntar, com todo o respeito, se o tradutor era português, e não brasileiro - mas pelo nome, acredito que seja, vejam só, Italiano!
Eu sou daquele tipo de romântica incorrigível, que acredita que num romançe que se preze, as frases têm que ser pura poesia em forma de prosa. Lindo e gostoso de ler. Já o livro é mais o tipo "garoto de 5 anos dita a tradução" ininteligível. (Ok, talvez eu esteja exagerando um pouco, mas só um pouco.)
E para não culpar inteiramente o pobre do tradutor, andei trocando idéias com uma amiga italiana, Paola Corradini, que é leitora de romances do gênero, e até ela concorda: "Questo libro è uno schifo!".



Autor: Federico Moccia

Tradutor: Gian Bruno Grosso

Editora: Planeta do Brasil

Ano de Lançamento: 2009

Número de Páginas: 424

sábado, 23 de janeiro de 2010

Perda de Tempo

Ultimamente tem sido difícil encontrar um dia de sol. Costuma amanhecer cinzento, a chuva cai no fim da tarde, seguida por uma noite fria. Chove também de madrugada e eu me encolho sozinha na cama, me esquivando a cada novo trovão.
Então, dizer que eu observava a chuva cair através da janela do carro, não seria novidade. Também não seria novidade dizer que eu estava presa no trânsito por conta de algum alagamento nas ruas da cidade. Novidade seria dizer que consegui chegar no horário no apartamento que ira visitar, nos arredores do Morumbi. Não consegui.
Impaciente dentro do carro, olhava para os lados, procurando alguma coisa. Encontrei. Num muro de concreto, um desenho de um homenzinho colorido que dizia "Você é escravo do trânsito". E isso, deus sabe, me irritou profundamente. Que é? Já não basta cair o mundo e ficar entalada entre um Fusca e um Uno, ainda vem o colega do muro tirar sarro da minha cara? Aí é demais! Talvez eu estivesse de TPM. Mas de qualquer maneira, aposto que você se sentiria ultrajado também.
Tentei me distrair e parar de pensar no homenzinho. Começei a contar há quantas horas estava presa naquele caos. Várias. Muitas horas. Puxa, o homenzinho tem razão. Eu estou realmente disperdiçando algo valioso aqui: meu tempo! Er, a bem da verdade, eu não tinha muita escolha. Mas passei então a pensar em quê outras coisas gastamos nosso tempo, de quê outras coisas nos tornamos escravos?
Gastamos tempo fazendo tarefas ingratas, das quais não gostamos, gastamos tempos em intermináveis filas no banco, procurando vaga no estacionamento, esperando pelo levador, aguardando na linha, reclamando com operadores de telemarketing, discutindo com o chefe, conversando com pessoas de quem não gostamos...
Nos tornamos escravos da rotina, da tecnologia, do computador, dos papéis sociais, das obrigações e das responsabilidades, escravos do trabalho, do dinheiro, do Homem...
Sei lá, talvez seja a hora de abaixar o vidro do carro e bater um papo com o motorista vizinho, de sair cantando na chuva, de tirar o telefone do gancho, desligar o computador, acordar mais tarde, e de fazer um melhor uso deste tempo que temos, que está, continuamente, em contagem regressiva.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aquela Mulher

"Eu não me queixo", é o que diz uma mulher, sozinha no palco à meia luz, envolvida num roupão. A personagem, H., vivida por Marília Gabriela, está literalmente trancada num quarto enquanto espera uma resposta que mudará sua vida: o anúncio da vitória em uma eleição que a colocará no posto de governante mais poderosa do planeta. À partir daí, compartilhará algumas impressões sobre sua vida pessoal, , a traição do marido, o machismo na política, o envelhecimento e a morte.
Déjà vu? A personagem é inspirada em Hilary Clinton, e qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência. O texto, de José Eduardo Agualusa, faz referência a est e outras figuras da atualidade, mas sem citar nomes, o que torna o texto atemporal. A derrota de Hilary para a candidatura à Casa Branca por Barack Obama também promove um olhar diferente ao texto. "O fato de a realidade ter traído a ficção só contribuiu para ajudar esta. Como Hillary Clinton não é mais candidata, a peça ganha outro plano, simbólico. Hillary já não é Hillary, mas todas essas mulheres que lutam pelo poder", diz Agualusa.
O texto, que elaborou à pedido de Gabi, mescla passagens biogréficas da senadora - como o affair de seu marido Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky, - com frases que recolheu de conversas com Marília Gabriela -"Nãosou fiscal de genitália", dita pela jornalista ao ser questionada sobre a nova namorada de seu ex-marido, Reynaldo Gianecchinni.
O texto segue com fluidez, e não cansa, apesar de ser um monólogo. Cômico e cáustico, trata de temas como amor, traição e morte, sem cair em lugar-comuns, sem forçar as risadas, e sem cair num sntimentalísmoclicê de assuntos que já foram encenados inumeras vezes.
Porém, após cerca de uma hora da brilhante atuação, Marília - dirigida pelo amigo de longa data, Antônio Fagundes - entra em cena vestida de anjo negro e divaga sobre o feminino de maneira mais ousada e quebra um pouco o ritmo do espetáculo. Os últimos quinze minutos de peça foram desnecessários e fazem muita gente sai do teatro com cara de interrogação.



Curiosidades

- Marília Gabriela já foi convidada a ingressar na política, mas recusou.

- Esta é a quarta atuação de Gabi no teatro. Seu último papel nos palcos foi em "Senhora Macbeth".

- Esta é também a estréia de Antônio Fagundes como diretor, após 42 anos à frente dos palcos.





Ficha técnica

:: Autor: José Eduardo Agualusa

:: Diretor: Antonio Fagundes

:: Elenco: Marília Gabriela

:: Cenário e figurino: Theodoro Cochrane

:: Trilha sonora: André Abujamra

:: Iluminação: Marcio Aurélio

:: Assistente de direção e preparação corporal: Clarisse Abujamra

:: Direção de produção: Fernanda Signorini

:: Realização: Marília Gabriela e Fernanda Signorini

domingo, 3 de janeiro de 2010

Tudo Novo Denovo

Ano Novo é época de promessas, superstições e simpatias. Não há quem não as faça - nem que seja um comentário, no escuro, antes de dormir. "Amanhã eu começo a dieta". Tem quem faça a longa lista de resoluções. "Vou manter minha vida em ordem". Tem quem promete a Deus, em suas orações. "Não vou mais cobiçar o marido da vizinha". Tem quem diz a família. "Este ano eu prometo, vou parar de fumar". E acredite, as modalidades de promessas são infindáveis.
Passar a virada de branco, guardar os caroços de romã, pular sete ondinhas, usar calcinha vermelha para o amor, amarela para o dinheiro e verde para boa sorte. Comer lentilhas, não comer animal que cisca para trás, tomar chá de erva-de-são-joão, dar um beijo à meia-noite.
Comer doze uvas, trocar os lençóis, abrir as portas e janelas, acender as luzes. Fazer bastante barulho, dar três pulinhos com uma taça de champanhe na mão e não derramar uma gota. Coma nozes, avelãs, castanhas, tâmaras e carne de porco...
Já imaginou se fosse assim? Tipo password de videogame? Como mágica, todos ficariamos ricos, saudáveis e casados. E a graça da vida entra aonde mesmo? Pois é...
Se você fizer tudo isso e de nada adiantar, não me admiro, e sugiro tentar o duplo twist carpado. De qualquer maneira, deve ser mais fácil. E dar menos indigestão. Se não acreditar em mim, continue tentando no próximo ano, em algum deles você acerta.