quarta-feira, 5 de maio de 2010

Juro que o que eu mais queria é relevar o sentimento e me entregar, não só de corpo, mas de alma também. Queria ser um filtro dos sentimentos bons, ainda que superficiais e dos pensamentos leves, ainda que fúteis.
Queria ter paciência para tentar me entender e desvendar o que se passa dentro de mim. Seria muito mais fácil. Eu não ficaria deitada na cama, semidesnuda, pensando em aleatoriedades idiotas enquanto o outro ao meu lado tenta entender o que é que há de errado comigo. Eu não precisaria me preocupar com o que escrevo e com quem me lê. Só escreveria. Só seria lida. E não precisaria ficar me preocupando com palavras e sons e cheiros e propósitos que parecem ser, e que são outros. Eu queimaria o papel, acabando com a mensagem subliminar. Nada de entrelinhas para mim. A linha que me contorna é a que você vê, e só.
Pode tocar, se quiser. Não vai mudar o sentido. É sempre a mesma. Eu mesma. Mas essa teoria é impraticável e eu fico aqui, sentada no chão feito criança contrariada me perguntando o que é que aconteceu. Entre quatro paredes mudas meu silêncio fica audível, e soltos, os pensamentos se confundem. O que eu quero mesmo é gritar em voz alta. Eu quero você. Só às vezes a putaria vence a gente pelo cansaço, e a carne, você bem sabe, é fraca. Aí eu me entrego só de corpo mesmo, e peço pra alma fechar os olhos.

Um comentário:

  1. muito bom, bi! principalmente a parte do "Entre quatro paredes mudas meu silêncio fica audível"

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