(A saga sobre comida está de volta!)
Era mais um domingo a noite qualquer, daqueles em que o completo ócio toma conta de mim. Inesperadamente, inédita no Discovery Travel, Ruth Reichl. Há tempos que não pensava nela... Seu último livro emprestei a uma amiga. O outro, creio eu, foi soterrado por livros e poeira em alguma prateleira de minha estante. Com o término de minha saga sobre este tema e o fim do estoque de idéias e mantimentos na despensa, parei de filosofar sobre comida.
Até, claro, que ela volta, estrategicamente falando-me sobre batatas podres.
A Receita:
1. Pique batatas. ( a quantidade que julgar necessário)
2. Misture uma colher de sal, duas de açúcar e meia xícara de fubá.
3. Acrescente água quente e deixe descansar, dentro do forno desligado por cerca de três horas.
4. Retire as batatas e reserve o líquido. (Não se assuste com o cheiro, que beira o insuportável)
5. Acrescente quatro xícaras de farinha, misture bem, cubra e deixe fermentar.
Quando a mistura estiver pronta (leia-se: podre), adicione outros ingredientes necessários para fazer pão caseiro. O resultado, evidentemente, é delicioso. Nenhum gosto é tão clássico ou reconfortante quanto ao do pão de batatas podres. E nenhum outro pão tem aparência tão bela.
Quando o programa acabou, me peguei pensando sobre essa questão um tanto... Filosófica. É difícil conseguir ver em algo podre, a possibilidade de algo bom, belo e verdadeiro. Assim como nas pessoas, é difícil encontrar valores clássicos, que em muito diferem dos valores vigentes hoje em dia.
Outra possibilidade: É justamente a parte podre que trás o sabor tão especial. São nossas falhas que nos fazem interessantes, nossos pecados que nos fazem saborosos.
No fim das contas, se tivermos jeitinho e paciência, é incrível o que podemos criar com qualquer espécie de comida. Deste modo, se investirmos tempo e cuidado em alguém, é também inacreditável o relacionamento que se pode construir. Por que um relacionamento é assim mesmo, como uma receita. Vai-se adicionando pouco a pouco cada ingrediente, nas quantidades necessárias. Às vezes é necessário deixar descansar por certo tempo. Devemos ter cuidado e atenção para não cortar as mãos, para não queimar os dedos. Mas apesar de levar tempo para ficar pronto, o resultado é sempre delicioso.
Água
Há 2 meses
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