quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vagens Secas

A paisagem era linda, embora um tanto quanto quanto apocalíptica. O céu estava muito escuro e ouviam-se alguns trovões. Em algum lugar distante sentei-me no parapeito da janela, hipnotizada pela cena. Ao fundo, em um morro descampado, uma grande árvore retorcida balançava seus galhos loucamente. Em cada ponta um grupo de vagens secas se chacoalhava, imitando o barulho da chuva. As vagens queriam chover.
Desci as escadas da sacada vagarosamente. tirei os sapatos e fechei os olhos. Caminhei um pouco pela grama e sentei-me no chão. Secretamente desejei que chovessem vagens secas. Quando abri os olhos novamente, vagens secas se soltavam da ponta dos galhos e cobriam o céu como pequenos pássaros em revoada. Torciam e retorciam no céu as vagens secas. E caiam suaves na grama, sobre meus ombros, em meu colo. O céu estava escuro, mas para mim era lindo.
Gotas pesadas de chuva começaram a cair. Molharam meus cabelos, borraram meus olhos e encharcaram minhas roupas, mas não me chateei por que eram de água. As vagens secas já tinham chovido para mim.

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